O mercado de equipamentos de defesa se diferencia dos demais, uma vez que, para além das questões econômicas, nas transações internacionais de armamentos são considerados aspectos políticos e estratégicos. Diante das particularidades desse mercado, o objetivo deste estudo foi verificar a possibilidade de os fundamentos das teorias de comércio internacional explicarem o comércio brasileiro de equipamentos bélicos. Assim, foram consideradas as teorias clássica, neoclássica e a vertente crítica heterodoxa. Buscou-se verificar a aplicabilidade de cada modelo ao mercado de materiais de defesa. A partir dessa análise constatou-se que as correntes do pensamento heterodoxo do comércio internacional, sobretudo as contribuições de Prebisch parecem refletir, mais adequadamente, a análise do mercado de armamentos. Com o intuito de comprovar essa percepção, além da pesquisa bibliográfica, foram utilizados dados do SIPRI (Stockholm International Peace Research Institute) referentes ao comércio de material de defesa realizado pelo Brasil, no período de 2005 a 2020. Em relação ao caso brasileiro, constatou-se que o país mantém uma situação comercial desfavorável em relação a países mais desenvolvidos, no mesmo padrão estrutural de dificuldades que condiciona outrossetores da indústria brasileira. Porém, no mercado bélico a divisão internacional do trabalho mostra-se ainda mais complexa por também implicar em uma divisão centro-periferia relacionada ao aspecto estratégico-militar.
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